terça-feira, dezembro 11, 2007

Crítica - Corações Sujos (Fernando Morais)


Existe, entre duas classes distintas de profissionais que se dispõe ao árduo ofício de resgatar um passado histórico, certa desavença que parece infindável. Historiadores e Jornalistas pelejam em forma de críticas. No bojo de tal discórdia, parece haver entre os historiadores um fiozinho de inveja devido ao grande número de vendas atingido pelos “homens de imprensa” no mercado editorial. Entre os livros que tratam de temas históricos, os escritos por jornalistas geralmente são os que habitam as listas dos mais vendidos. Historiador geralmente tem como leitor outros que compartilham da mesma profissão.

A crítica aos historiógrafos é a de que estes não sabem conduzir sua escrita de maneira fluente, que possa atrair o leitor leigo, conduzindo-o ao final do livro sem abandono da leitura. A objeção aos gazeteiros recai justamente na linguagem leve que muitas vezes simplifica processos e conceitos intrincados e problemáticos.

É o que ocorre com Corações Sujos, do jornalista Fernando Morais (Companhia das Letras – 348 páginas). De escrita fácil e fluente, o livro, como qualquer outro, deve ser lido com reflexões e ponderações.

Ao tratar da Shindo Renmei ou “Liga do caminho dos Súditos” - associação surgida dentro da colônia japonesa no Brasil em 1944 com o objetivo de preservar a cultura japonesa e a imagem do imperador Hiroíto - Morais retrata com êxito as dificuldades vividas por japoneses: restrições impostas pelo governo brasileiro às pessoas advindas de nações que faziam parte dos chamados Países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) durante a Segunda Guerra Mundial. Tal organização recusava-se a acreditar na rendição do Japão aos Países Aliados, passando a assassinar imigrantes japoneses que acreditassem na derrota nipônica.

A leitura das páginas de Corações Sujos passa ao leitor a impressão de que existe uma ingenuidade fanática presente nos japoneses que não aceitam a derrota de sua pátria, pois o Japão nunca havia perdido uma batalha sequer em toda sua História. O equívoco encontra-se no fato de o autor não localizar o sentimento patriótico destes imigrantes no contexto historiográfico a que está inserido.

No livro, todo esta conjuntura é didaticamente explicitada. Desde o contexto da guerra até a posição do governo de Getúlio Vargas de proibir a publicação de jornais nas línguas japonesa, italiana e alemã, assim como a proibição do ensino dessas línguas nas escolas e o uso delas em locais públicos. A comunidade nipônica, por preservar suas tradições culturais, não era, em sua maioria, falante do português. Isso significava uma verdadeira condenação ao silêncio e à desinformação. Porém, o autor não faz uma interpretação dos fatos apresentados, uma ligação destes ao sentimento de humilhação de perder uma guerra, extremamente arraigado na cultura japonesa.

Diante destas observações, friso a necessidade de que o leitor atente para a reflexão esquecida pelo autor no corpo de seu texto. Interpretar a existência da Shindo Renmei como uma seita de fanáticos movidos por uma fé cega no imperador Hiroíto é simplificar todo um movimento social e um processo histórico que envolve jogos políticos entre nações potentes e emergentes, e suas conseqüências para o cotidiano de segregação e posição social inferior do que convencionou-se chamar de Homem Comum.

segunda-feira, novembro 19, 2007

É Dando Que (não) Se Recebe...




A mulherada que rala e rola para ganhar a vida alugando seus corpos para homens que delas se aproveitam sexualmente não devem ter gostado da decisão da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, que rejeitou o projeto de lei propondo a regulamentação da prostituição no Brasil. De autoria do deputado Fernando Gabeira, a concepção do projeto tem inspiração no exemplo da Alemanha – país onde a prestação de serviços de natureza sexual é legalizada e as moças contribuem com a previdência social. Se aprovada, tal lei faria com que prostitutas tivessem carteira assinada e todos os benefícios trabalhistas assegurados.

A rejeição ao projeto de Gabeira talvez possa levar muitos a pensar que nossos parlamentares são uns caretas, conservadores e atrasados, como classificou o deputado Maurício Lessa, favorável ao projeto. Mas as coisas não são bem por aí.

É bem verdade que nosso parlamento seja composto, em sua maioria, por velhos dinossauros políticos de mentalidade tradicional, moralidade hipócrita e conservadorismos que recusem à condição de setores sociais marginalizados - como as prostitutas - um projeto favorável. As meninas se beneficiariam demais com a aprovação do projeto de Gabeira, que visa ampará-las dos abusos e violências a que são expostas, sem ter na lei qualquer garantia de proteção.

O leitor me pergunta então quais são os motivos que me colocam contrário a tal projeto. Por que é que defendi logo acima que a rejeição do projeto não é um simples tradicionalismo da política brasileira?

A proposta de lei do nobre deputado sugere, além da regulamentação do ofício, a revogação de três artigos do Código Penal: Art. 228 (favorecimento à prostituição), Art. 229 (casa de meretrício) e Art. 231(tráfico de mulheres). Em palavras claras, ficam liberadas as práticas da cafetinagem, os puteiros e o comércio do mulherio para a profissão sexual. É óbvio que, liberando a prostituição, não há motivos para penalizar quem a favorece. O equívoco de Gabeira está em suprimir do Código Penal o artigo 231, pois motivos não faltam para manter ilícito o tráfico de mulheres. Legalizar a comercialização e aliciamento de seres humanos é o único motivo que me faz contrário à ideação de Gabeira.

Não fosse este mero detalhe, o projeto teria minha adesão absoluta. Regulamentar a prostituição é uma forma de assistir as trabalhadoras do sexo e incluí-las nos direitos de qualquer trabalhador. É obvio que nenhuma mulher escolhe ser prostituta. O meretrício é uma disfunção social decorrente da falta de perspectivas financeiras, profissionais e educacionais causadas pela incapacidade de um governo em ofertar qualidade de vida a seu povo. A regulamentação desta profissão não resolverá problemas sociais complexos que levam muitas meninas a se venderem para sobreviver, mas ajuda a combater a exploração sexual de crianças e adolescentes.

A prostituição é uma atividade que a sociedade condena e mantém. Não haveria prostituição caso não houvesse quem por ela pagasse. A regulamentação apenas fará com que as moças possam trabalhar sem a marginalização a que estão relegadas. A prostituição existe e esta realidade tem de ser admitida, e não varrida para debaixo do tapete.

Como minha imaginação não dá trégua, uma situação logo vem à cabeça: caso o projeto seja um dia aprovado e uma prostituta infecta-se com alguma DST, ou mesmo Aids, seu caso poderá ser considerado, pela lei, como acidente de trabalho? Fica a dúvida.

terça-feira, outubro 30, 2007

Quando a Crônica Vem da Música

As Vitrines (Chico Buarque)

Eu te vejo sumir por aí
Te avisei que a cidade era um vão
Dá tua mão, olha prá mim
Não faz assim, não vá lá, não
Os letreiros a te colorir
Embaraçam a minha visão
Eu te vi suspirar de aflição
E sair da sessão frouxa de rir
Já te vejo brincando gostando de ser
Tua sombra se multiplicar
Nos teus olhos também posso ver
As vitrines te vendo passar
Na galeria, cada clarão
É como um dia depois de outro dia
Abrindo o salão
Passas em exposição
Passas sem ver teu vigia
Catando a poesia
Que entornas no chão


Naquele mini-shopping do centro da cidade, ela costumava transitar. Linda, os olhos azuis repletos de mistério causavam no pobre Vigia do estabelecimento uma admiração profunda, mais por enternecimento pelo seu ar triste e solitário que pela atração física. Dela, ele nada sabia a não ser que por ali passava sempre naquele mesmo horário, com passos curtos, vagarosos e tímidos, diariamente muito bem vestida e olhar firme. Algumas raras vezes, freqüentava o cinema daquele local, nunca acompanhada. Geralmente, usava o corredor daquele mini-shopping como uma travessia, um atalho. Era a impressão que o guarda, daquela mulher, guardava para si. Nunca ousou interferir seu caminho para fazer pergunta, nunca procurou saber nenhum outro detalhe de sua vida. Tudo o que ele sabia era que por ali ela passava, às vezes ia ao cinema e saia rindo da sessão. Não precisava saber nada além disso, pois já se apaixonara por aquela mulher, aparentemente muito mais jovem que ele. Qualquer informação que pudesse ser acrescentada sobre a tal poderia destruir o encanto que em seu imaginário estava idealizado. Para o vigia do mini-shopping, ela era intocável. Os passos lentos que ela cadenciava pela galeria eram iluminados pelas vitrines das lojas. Com os olhos, ele apenas acompanhava sua trajetória. Aquele corredor era como uma cidade e suas calçadas eram as vitrines onde poderiam se encontrar expostos vários utensílios - de ferramentas a cosméticos rejuvenescedores. Naquele vão, espremida entre uma e outra loja, sua musa era a única personagem. Cada luminária do corredor parecia a contagem de um tempo mágico, um dia seguido do outro. Ela atravessava estes dias sem que pudesse notá-lo. Ele a seguia discretamente, somando-se às sombras produzidas pelas luzes - das vitrines, das luminárias, dos letreiros - recolhendo, absorto, toda esta poesia que ela entornava por seu caminho.

terça-feira, maio 01, 2007

Neura tipicamente feminina

Você e seu colega de trabalho pegam carona com o patrão-mor. Não precisa rachar gasolina, o esquema é ótimo. Uma economia de uns 50 reais se fosse pra ir e voltar, fora o ar-condicionado e a rapidez. Voltando à carona. O carro, novo. O banco de couro, cinza bem clarinho, absolutamente limpo e você, mulher, menstruada.

Na verdade, nem deveria estar tão preocupada, já que troquei de absorvente logo que saí de casa para pegar a carona. Além do mais, já é o terceiro dia e o fluxo deve estar bem mais fraco do que ontem e anteontem. Mas é o carro do patrão, banco de couro, cinza bem clarinho e absolutamente limpo. Relaxa, não há de acontecer nada. Mas é o banco da frente! Não dá nem pra dar uma levantadinha de leve pra ver se não começou a acontecer algum estrago. Então o jeito é rezar. Uma hora e tantos que é o tempo que dura a viagem.

Com o desespero involuntário, começo a achar que estou sentindo um molhadinho fora do lugar. Não, não, deve ser o ar-condicionado que deixou o banco gelado, afinal, é de couro. E se não for?! Ai, meu Deus, acho que não coloquei o absorvente direito não, parece que ficou meio pra frente, na pressa de não atrasar. Calma, fica fria, lembre-se, é o terceiro dia, quase acabando, não há de acontecer nada. Amanhã, mesmo, é só uma merrequinha. E pense bem, isso já aconteceu alguma vez na sua vida? Ah, sim, claro, o suficiente para achar que vai acontecer mensalmente. Nessa de acreditar que os flocos de gel vão transformar a menstruação em uma gelatina e que os buraquinhos da cobertura não vão deixar o fluxo retornar o banco que era branco mudou de cor. Ah, mas foi só uma vez e faz tanto tempo! Só que o banco agora é de couro cinza clarinho, ainda por cima do chefe.

O melhor a se fazer é não dar moleza e contrair o que for possível para manter meu vermelhinho dentro de mim. Se eu relaxar, ele vai que vai. E se acontecer o efeito contrário? E se essa contração ajudar a espremer meu útero como uma laranja? Pensa, pensa, a lei de Murphy não é a lei de Deus, embora seja muito próxima. Repita comigo: não vai vazar, não vai vazar, óuuuuuummmmm. Está bem. Vamos em frente, confie na tecnologia. Não há de ter nada de outra cor quando você se levantar. Já estamos quase chegando. O geladinho lá de baixo, a essa altura, já nem devia estar mais geladinho, é de fato o ar condicionado te pregando uma peça.

E depois dessa uma hora e meia quase duas de agonia sufocada, chegamos ao destino. O banco? É LÓGICO, permaneceu intacto. Obviamente, fui o mais depressa possível ao banheiro para conferir se o estrago não estava iminente. Uma boa respirada profunda, cara de que não aconteceu nada. Afinal, graças ao bom Deus, à tecnologia e ao terceiro dia de fluxo, não precisei passar por esse constrangimento. Pensando bem, acho que aquela espremidinha também ajudou.

sexta-feira, abril 20, 2007

Bem Vinda, Analú !



Há alguns anos, ainda solteiro e tendo passado pela experiência de tratar diariamente com algumas crianças da família, escrevi que nunca seria pai. O convívio com os pequenos primos, a gritaria, o barulho, as brigas, a putaria que eles tocavam enquanto eu tentava estudar, fizeram com que eu perdesse todo sentimento fraternal que tinha. Naquele ano de 2003 registrei a seguinte constatação:

“Contrariando qualquer evidência que possa denunciar meu ódio por crianças, declaro que gosto muito da presença infantil em minha casa. Com o simples acordo de que tenham data pra ir embora. Gosto dos pequenos, contanto que eles sejam alheios. Nunca serei pai, já está decidido”.

No mesmo ano de 2003, mês de dezembro, conheci a mulher com quem me casaria após seis meses. Passamos três anos decididos a não termos filhos, a não termos bundinha pra limpar, fralda pra trocar, choro pra acalentar e essas coisinhas que todo pai é obrigado a se submeter. Mas a vida traz mudanças acompanhadas ao furo da camisinha.

Há três dias veio ao mundo minha pequena Ana Luiza. Nasceu fazendo de mim um homem besta e babão, dengoso como nunca imaginaria que pudesse ficar. Como todo pai, peguei-me citando frases feitas do tipo “a coisa mais linda do mundo” e “ menininha do papai”. Ainda não cheguei ao extremo de fazer barulhinhos infantis como “bilú-bilú”, “nham nham nham nham” ou “thuthucothuco”, mas estou quase lá. Pode até parecer pieguismo, mas minha filha é a carinha de joelho mais formosa existente na face da Terra. E aquele joelhinho de cabelos macios já me fez trocar fralda, limpar cocô e ser golfado. Pior de tudo é que executo estas tarefas com um grande sorriso no rosto.

Mesmo com toda essa felicidade e essa mudança de perspectivas na minha vida, o nascimento de Ana Luiza provocou alguns acontecimentos que poderiam ser descritos como pouco prováveis. Principalmente por ter sido comemorado duas vezes.

Durante a madrugada do dia 18 de abril, Beatriz, minha mulher, teve contrações que mais pareciam um ataque epilético. No hospital, o médico fez os exames necessários à constatação de dilatação suficiente do útero para a ocorrência de um parto normal. Não havia alargamento mínimo. O maior medo de Beatriz era ter de passar por uma operação cesariana – forte, ela enfrentaria seu medo. E com muito brio.

Pelo fato da equipe ser reduzida no período da madrugada, o hospital apenas fazia interferências cirúrgicas consideradas urgentes. O fato de Beatriz urrar de dores feito uma avestruz botando ovo não foi visto pela equipe médica como urgência. Retornamos ao nosso lar e voltaríamos no período diurno.

Mesmo saindo de casa por volta do meio dia, chegamos novamente ao hospital às 15h30min, devido ao trânsito maravilhoso que a cidade de São Paulo proporciona aos seus habitantes. Depois de muita demora resolvendo questões financeiras, a internação foi liberada e minha companheira entrou na sala de cirurgia às 17h30min. Fiquei na sala de espera, preocupado, andando de um lado para outro e quase trombando em outros pais que também circulavam absortos, esperando notícias tranqüilizantes. Em minha companhia, minha tia-sogra (sim, sou casado com minha prima).

Eis que, depois de tanta espera, surge um enfermeiro. Um baixinho de barba rala e cara de fome. Uma esperança de receber informações surge em todos os pais, mas sou o primeiro a indagá-lo:

- Queria saber de Beatriz Xavier Nunes. Alguma notícia?
- Você é o pai da criança?
- Ela diz que sim. Eu confio nela, então devo ser.
- Já nasceu o bebê, está tudo bem com a mãe e a criança.

Eram 18h30min. Diante da notícia do nascimento da minha moleca, minhas pernas tomaram um impulso involuntário e eu gritei um “VIVA, NASCEU!” que foi seguido de um “PSIIIIU” feito pelas pessoas ao redor. Onde já se viu fazer algazarra em um hospital. Feliz feito uma gazela (que frase mais veada), liguei pra Deus e o mundo, na finalidade de espalhar a notícia.

Tal felicidade foi dando lugar a uma preocupação inquieta. Observara eu que as crianças que iam nascendo desciam para o berçário em menos de trinta minutos. Uma hora depois de receber a notícia do nascimento de minha filha, nenhuma criança passou pela sala de espera. Chamei uma enfermeira e perguntei se estava tudo bem com minhas mulheres. A resposta foi dada com precisão cirúrgica:

- Sua esposa está recebendo anestesia neste exato momento. Dentro de trinta minutos nascerá seu bebê.
- Mas um enfermeiro disse que minha filha já nasceu.
- Te passaram uma informação errada. Sinto muito.
- Porra! Já liguei pra todo mundo.
Talvez seja este o único nascimento da história da humanidade comemorado duas vezes. Se eu fosse jornalista, seria o primeiro a ter reportado uma notícia antes de ela ter acontecido. Seria um furo digno de nota. Como sou professor, tive que me contentar com a preocupação voltando ao âmago de minhas reflexões. Ana Luiza foi nascer apenas às 20h30min, aliviando temporariamente minha dor de cabeça. Refrigério interrompido pela péssima administração do hospital, que me vendeu um “plano apartamento” sem ter apartamento vago. Alojaram minha esposa na enfermaria. Depois de muito discutir – de forma diplomática e civilizada - o problema foi resolvido sob ameaças violentas de espancamento e morte. Tudo para curtir minha paternidade com privacidade e conforto, e poder receber as visitas com maior comodidade.

sexta-feira, abril 13, 2007

Estamos de Luto


Não acredito. Um dos melhores escritores que já li, que conseguia fazer rir sem apelar, e muito pouco conhecido em um Brasil afogado no mercado editorial de auto-ajuda, morreu nesta ultima terça feira, aos 84 anos. Kurt Vonnegut misturava ficção e autobiografia, ciência e literatura, resultando em obras muito malucas e extremamente engraçadas. O primeiro livro que degustei chama-se Pastelão ou Solitário, Nunca Mais. Foi seu cartão de visitas para que eu fosse atrás de maravilhas como Matadouro 5, Café da manhã dos Campeões e Um Homem Sem Pátria. Infelizmente, por aqui, o mestre tem sua obra pouco difundida, pois suas maluquices não são vistas com valor num país em que o número de leitores é capaz de caber dentro de uma Kombi velha. Somente achei nota do acontecido no Estadão.

Segredos Templários


Não há nada pior na literatura do que as modinhas que surgem no mercado editorial, superestimando livros desprovidos de qualidade artística. Tais títulos encabeçam as listas dos mais vendidos, espalhadas em publicações semanais e jornais impressos. Dessas listas, poucas são as obras que poderiam receber a qualificação de literatura. Uma destas modinhas caiu de vez no gosto dos leitores - são livros de capítulos curtos, ação permanente, informações históricas que revelam a ficção e, geralmente, a história se passa em apenas 24 horas. O mais notável deles é o Código Da Vinci, de Dan Bronw, que parece ser especialista neste estilo.
Até mesmo séries televisivas adotaram tal modelo: cada capítulo de Lost me deixa mais perdido que filho de prostituta em dia dos pais e fico me perguntando a que horas o detetive Jack Bauer, da série 24 horas, escova os dentes, toma banho, usa o banheiro, dorme ou se alimenta.
Tenho andado receoso com os lançamentos que lotam as prateleiras. É preciso fugir do impulso publicitário para ler algo que realmente valha a pena, que não siga modelos apenas vendáveis, mas escritos com preocupação e comprometimento artístico. Foi com tal desconfiança que comecei a ler O Último Templário, do escritor libanês Raymond Khoury. De cara feia, absorvi as informações da orelha do livro: Quatro homens vestidos de templários entram, montados a cavalo, na estréia de uma exposição intitulada Tesouros do Vaticano, num museu nova-iorquino. Desaparecem com objetos de valor e um codificador templário que pode revelar um segredo que certamente abalará os alicerces do cristianismo.
Não compraria o livro caso estivesse procurando algum nas estantes de uma livraria. Porém, como a prateleira em questão foi a mesa do escritório de meu pai, tomei-o de empréstimo e fiquei surpreso com cada uma das páginas. Ao contrário de Dan Bronw, Khoury não usa informações históricas como pretexto para uma falsa erudição. Apesar de descrever detalhes do surgimento da Igreja Católica e da Ordem dos Templários, da separação das três principais crenças existentes no mundo - que têm a mesma origem com Abraão, dos evangelhos que ficaram de fora da Bíblia por contraporem-se aos anseios da Igreja em seus primórdios, o texto demonstra uma cuidadosa pesquisa historiográfica bem costurada a uma ficção formidável. Dados que demonstram uma erudição que o autor realmente possui, relacionados com a imaginação de um grande escritor e não apenas informações soltas como barcos furados em alto mar. Ler Raymond Khoury é um prazer, principalmente, porque foge dos sucessos de venda do mercado editorial destinados àqueles que lêem Dan Bronw por não terem capacidade de apreciar um José Saramago.

sexta-feira, março 30, 2007














Esse site é legal. Conheci por acaso, vale a pena!
clicaí!

http://www.narizdepalhaco.com.br

quarta-feira, março 21, 2007

Ói nóis aqui tra veis!

Sim, eu ainda existo! Sem pagamentos de resgate, sem retorno do coma, assim, simplesmente e saudavalmente estou de volta. E trago uma listinha de piadas infames de jornalista que são a cara do Auto Estorvo! Ói:

O jornalista é sempre muito criterioso. Separa o joio do trigo. E fica com o joio.
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Só não vê quem não lê: metade dos tópicos da imprensa são balas perdidas (Millôr Fernandes).
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Um repórter de rock é um jornalista que não sabe escrever, entrevistando gente que não sabe falar, para pessoas que não sabem ler.
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Um analista político é alguém sem ética o suficiente para ser um advogado, sem prática o suficiente para ser um teólogo e pedante o suficiente para ser um economista.
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Um jornalista está com estresse. Seu analista sugere que ele tire uns dias e vá se ocupar de coisas bem simples. Ele resolve então ir para uma fazenda trabalhar como peão.
Como primeiro trabalho, o fazendeiro manda-lhe jogar esterco num campo, imaginando que o jornalista irá levar o dia inteiro. Uma hora depois ele volta para o fazendeiro dizendo que está terminado. O fazendeiro vai verificar e o serviço foi concluído eficientemente.
Ele dá então outra tarefa: separar batatas em três montes: o primeiro com as grandes, o segundo com as médias e o terceiro com as pequenas.
De noite, o jornalista não aparece. O dia seguinte ele não vai almoçar. O fazendeiro vai saber o que aconteceu. O jornalista está na frente das batatas, com apenas três batatas separadas.
- Não entendo! - espanta-se o fazendeiro - O senhor cuidou do esterco em uma hora e não consegue separar as batatas em três montes?
É que... espalhar merda é comigo mesmo.
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O que significa um cigarro de maconha em cima de um jornal?
Baseado em fatos reais!
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Dois jornalistas embarcaram em um vôo em Seattle. Um deles sentou-se à janela, o outro no assento do meio. Um pouco antes da decolagem, um economista sentou-se no assento do corredor, próximo aos coleguinhas. irou os sapatos, mexeu os dedos dos pés e estava se ajeitando, quando o jornalista na janela disse:
- Acho que vou levantar e pegar uma Coca.
- Sem problemas eu pego pra você - disse o economista.
Ele foi e um dos jornalistas pegou o sapato do economista e cuspiu dentro dele.
Quando ele voltou com a Coca, o outro jornalista disse:
- Parece boa, acho que vou querer uma também.
Novamente o economista foi gentilmente buscar, e o outro jornalista pegou o outro sapato do economista e cuspiu dentro.
O economista retornou com a coca e todos se sentaram, os jornalistas bebendo seus refrigerantes e o economista apreciando o vôo.
Quando o avião estava pousando, o economista calçou de volta seus sapatos e logo descobriu o que havia acontecido. Irritado, disse:
- Até quando isto vai durar esta briga entre as nossas profissões? Este ódio? Esta animosidade? Estes cuspes nos sapatos e mijos dentro de Coca-Colas?
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Um jornalista, um filósofo, um biólogo e um arquiteto estavam discutindo sobre qual seria a verdadeira profissão de Deus. O filósofo disse:
- Bem, acima de tudo, Deus é um filósofo porque ele criou os princípios nos quais o homem vive.
- Ridículo - disse o biólogo. - Antes disto, Deus criou o homem e a mulher e todas as coisas vivas, de maneira inquestionável, portanto Deus é biólogo.
- Errado - complementou o arquiteto. - Antes de criar os seres vivos, Deus criou o céu e a terra. Antes da terra só havia confusão e caos.
- Pois é - falou o jornalista. - De onde vocês acham que veio o caos?
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Qual é a maneira mais prática de um jornalista se suicidar?
Saltando de cima do próprio ego!
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Qual é a semelhança entre um jornalista humilde e o Super-Homem?
Nenhum dos dois existe.

sábado, março 10, 2007

Inteligência Estadunidense



Perguntar não ofende. Se no Hotel Hilton, onde o Jorge Dáblio ficou hospedado em São Paulo, há um heliporto, por que é que o panaca atravancou o trânsito da cidade com sua enorme comitiva dentro do seu confortável Cadillac blindado? Talvez seja pura mostra de poder...

quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Cuidado: Blog Venenoso

Fui envenenado pelas presas mortíferas de uma Menina Malvada. Não canso de ler seus textos contaminados de bom humor e tiradas sufocantes. E antídoto pra isso, felizmente, não há. Visitem. O link está aí ao lado.





segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Globalização

Recebi isto por e-mail. A mais correta definição do termo:

Pergunta:
Qual é a mais correta definição de Globalização?
Resposta:
Morte da Princesa Diana.
Pergunta:
Por quê?
Resposta:
Uma princesa inglesa com um namorado egípcio tem um acidente de carro num túnel francês, num carro alemão com motor holandês, conduzido por um belga, bêbado de whisky escocês, que era seguido por paparazzis italianos, em motos japonesas; a princesa foi tratada por um médico americano, que usou medicamentos brasileiros. E isto é enviado a você por um brasileiro, usando tecnologia de Bill Gates, e, provavelmente, você está lendo isto num clone da IBM que usa chips feitos em Taiwan, e num monitor coreano montado por trabalhadores do Bangladesh numa fábrica de Singapura, transportado em caminhões conduzidos por indianos, roubados por indonésios, descarregados por pescadores silicianos, reempacotado por mexicanos e, finalmente, vendido a você por judeus, através de uma conexão paraguaia.

Isto é, caros amigos, Globalização!!!

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Eita Gente Invejosa

E não é que tem gente com inveja da infra-estrutura das obras no metrô de Sampa. Taí a cratera de 20 metros de largura aberta no bairro de San Antonio, na Cidade da Guatemala. O chão cedeu por causa de problemas de drenagem, e fala-se em até dez desaparecidos. Inveja mata, no mínimo, dez... .

sábado, janeiro 13, 2007

Idéias da Regininha


Regininha é a Musa Inspiradora dos Blogueiros. Diferente das Musas da antiguidade, ela é ruiva, tem seios fartos e piercing nos mamilos. Reapareceu dia destes, enquanto eu tentava escrever alguma coisa:

- Escreve aí: “Projeto para uma faculdade de importância irrisória”.
- Regininha, você voltou!
- Ih... Vai começar com o assédio novamente.
- Está mais encorpada, mais...
- Estou malhando. Agora, deixe de tolices e escreva o que estou mandando.
- ... mais gostosa!
- Ai, meu Deus! Cresça, homem!
- Antes, me explique uma coisa. Por que eu criaria uma faculdade de assuntos irrelevantes.
- Primeiro não é você quem está criando. Sou sua musa, eu crio e você assina.
- Ah é? Pois me diga então por que eu sempre fico com os textos de humor pouco convincente. Não dá pra me mandar um Hamlet, algum clássico?
- Cada um tem o que merece, meu querido.
- Logo vi.
- ...
- O que uma faculdade de importância irrisória apresentaria aos alunos? Oceanografia Mineira? Estudos das torrentes pluviais no nordeste brasileiro? Será preciso ter diploma pra vagabundear?
- Parabéns! Está entrando no clima da proposta.
- Mas pra escrever besteiras eu não preciso de você. Basta pensar sozinho.
- Então, tchau!
- Espera, preciso de você pra outra...
- To indo, já fui.
- ...coisa.

Regininha, mais uma vez, me deixou falando sozinho. E eu aqui, louco por uma massagem tailandesa, alguma coisa do tipo. Mas ela volta, eu sei que volta...

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Notícias Lá de Casa

Sei que eu devia ter escrito algo nestes últimos dias. Mas fiquei preparando um vídeo para aqueles amigos que não vejo há tempos e que vivem cobrando notícias. Pois aí estão:


Notícias Minhas no You Tube



Quem sabe uma rede de TV não me contrata...

sábado, janeiro 06, 2007

Morre o taiwanes inventor do macarrão instantâneo.
Esse, com certeza, trouxe uma grande contribuição para a humanidade!

segunda-feira, janeiro 01, 2007

?

Há pouco, acompanhava a transmissão da posse do mais do mesmo presidente. E como muitos e muitos e vários e milhares e quinquilhares de brasileiros, esperei ansiosamente que um daqueles cavalos desembestasse para cima do carro ou que uma chuva homérica desabasse no meio do caminho fazendo correr o Barbudão e sua Primeiríssima Dama Gema Botox Amarela Marisa Leticia Lula da Silva. Prestei atenção no figurino da "senhoura" para averiguar se a respectiva tinha conseguido superar seu modelito vermelho-vermelhusco-vermelhão usado espalhafatosamente na primeira posse. Bom, entre o saiote com barra assimétrica e o casaco de fio de ovos de bolo de padaria, fico com nenhum. Empate. Procurei, então, alguma coisa na internet que pudesse contradizer minha idéia de que a senhora faz-não-sei-o-que é realmente uma faz-não-sei-o-que.

Google. A primeira informação que encontrei foi no site do governo. Depois de uma loooonga descrição sobre a história da D. Marisa Ghost, apenas as seguintes linhas: "Desde 1º de janeiro de 2003, Marisa Letícia Lula da Silva é a primeira-dama do Brasil. Em outubro de 2003, em uma das viagens internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a primeira-dama recebeu a condecoração Grã-Cruz da Ordem do Mérito Real, concedida pelo Governo da Noruega". E só, mais nada desd
e então. Ponto pra mim. Em outro site, descobri que foi ela quem inventou a estrela do PT, aplicando uma estrela branca sobre um pano vermelho italiano. Ponto para... bom, não sei, ponto minerva, afinal, ela ainda não era Primeira Dama. Também não sei se isso valeria algum ponto. Adiante. Como não consequi entrar na desciclopédia, fui no original, com uma descrição mais séria, que diz: "Marisa Letícia mostra-se uma primeira-dama reservada, todavia alguns acreditam que seja atuante nos bastidores". Deve ser nos bastidores dos bastidores. Ainda mais que só alguns acreditam nessa história. Mais um ponto pra mim. O resultado seguinte do Google diz que D. Marisa criou nova grife de moda praia, ao desfilar com um maiô branco e uma gigante estrela vermelha na altura do estômago. "Depois do polêmico canteiro em forma de estrela no jardim do Palácio do Alvorada, a primeira-dama Marisa Letícia resolveu adotar o símbolo do PT como moda praia. Usando chapéu de palha e um maiô branco com uma grande estrela vermelha na parte da frente". Mais um ponto para mim, principalmente porque como estilista ela é uma ótima primeira dama, ou vice-versa. Vamos prosseguir. Segunda página de resultados. No site da Istoé uma matéria sob o título "O palpel da dona Marisa", exatamente o que eu estava procurando. Parece que vamos desempatar esse jogo? Hã? Sem precipitações. Até pensei na possibilidade, mas depois de umas linhas falando sobre seu papel como esposa do Lula e mãe dos filhos do Lula e sobre sua vontade de adotar uma criança, que merece elogios, vem mais uma: "Em sua bolsa, a primeira-dama sempre carrega batom vermelho, protetor solar e um impecável baralho para joguinhos com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e a assessora Clara Ant, por exemplo. Sua estilista pessoal, Tata Nicoletti, segue sua preferência por roupas nas cores azul e verde piscina para realçar a cor dos olhos. Marisa fez três cirurgias plásticas na face e, com o marido, submeteu-se à dieta da proteína. Emagreceu quase dez quilos". Como assim? Baralhinho? Ponto. Pra mim, lógico. Na mesma matéria, mais essa: "Dona Marisa administra o Palácio da Alvorada e a Granja do Torto como se fossem seu apartamento em São Bernardo do Campo. No Torto, as visitas tinham que passar dentro da sala para chegar ao local das reuniões. Ela mudou a rota e melhorou o status da churrasqueira. No jardim do Alvorada, cometeu um equívoco que custou caro a Lula: mandou fazer uma estrela gigante com flores vermelhas. O símbolo petista foi retirado debaixo de uma saraivada de críticas", que rotina estafante! Ou seja, mais um ponto para mim.

Não adianta. Desisto. Minha tese se confirmou e nem o Google que é o Google conseguiu me convencer do contrário. Isso sem contar os gastos e gastos com luxo. Coisa de quem nunca comeu marmelo e quando come...
Mais quatro anos de Primeira Dama Gema Botox Amarela Marysa Letycia. E ainda tem o barbudão!



Não, querido, eu não
sou o Walter Mercado!

Post atualizado! Ver também o link para um texto bem bacana sobre o mesmo assunto.

Piada Interna



- Vida eterna, seus bostas ! Vida eterna ! Shuááááááá.

Meu amigo "O Filósofo" entenderá este post. Numa próxima postagem explicarei tudo, com pessoas banhadas de leite levando tiros de doze para encontrar a vida eterna ao lado de jesus.