Não há nada pior na literatura do que as modinhas que surgem no mercado editorial, superestimando livros desprovidos de qualidade artística. Tais títulos encabeçam as listas dos mais vendidos, espalhadas em publicações semanais e jornais impressos. Dessas listas, poucas são as obras que poderiam receber a qualificação de literatura. Uma destas modinhas caiu de vez no gosto dos leitores - são livros de capítulos curtos, ação permanente, informações históricas que revelam a ficção e, geralmente, a história se passa em apenas 24 horas. O mais notável deles é o Código Da Vinci, de Dan Bronw, que parece ser especialista neste estilo.
Até mesmo séries televisivas adotaram tal modelo: cada capítulo de Lost me deixa mais perdido que filho de prostituta em dia dos pais e fico me perguntando a que horas o detetive Jack Bauer, da série 24 horas, escova os dentes, toma banho, usa o banheiro, dorme ou se alimenta.
Tenho andado receoso com os lançamentos que lotam as prateleiras. É preciso fugir do impulso publicitário para ler algo que realmente valha a pena, que não siga modelos apenas vendáveis, mas escritos com preocupação e comprometimento artístico. Foi com tal desconfiança que comecei a ler O Último Templário, do escritor libanês Raymond Khoury. De cara feia, absorvi as informações da orelha do livro: Quatro homens vestidos de templários entram, montados a cavalo, na estréia de uma exposição intitulada Tesouros do Vaticano, num museu nova-iorquino. Desaparecem com objetos de valor e um codificador templário que pode revelar um segredo que certamente abalará os alicerces do cristianismo.
Não compraria o livro caso estivesse procurando algum nas estantes de uma livraria. Porém, como a prateleira em questão foi a mesa do escritório de meu pai, tomei-o de empréstimo e fiquei surpreso com cada uma das páginas. Ao contrário de Dan Bronw, Khoury não usa informações históricas como pretexto para uma falsa erudição. Apesar de descrever detalhes do surgimento da Igreja Católica e da Ordem dos Templários, da separação das três principais crenças existentes no mundo - que têm a mesma origem com Abraão, dos evangelhos que ficaram de fora da Bíblia por contraporem-se aos anseios da Igreja em seus primórdios, o texto demonstra uma cuidadosa pesquisa historiográfica bem costurada a uma ficção formidável. Dados que demonstram uma erudição que o autor realmente possui, relacionados com a imaginação de um grande escritor e não apenas informações soltas como barcos furados em alto mar. Ler Raymond Khoury é um prazer, principalmente, porque foge dos sucessos de venda do mercado editorial destinados àqueles que lêem Dan Bronw por não terem capacidade de apreciar um José Saramago.
Um comentário:
Eu li Dan Brown e sinceramente, não me foi das leituras mais agradáveis!
Mas vou procurar saber desse Sr. Khoury, parece bom mesmo!
Sabe, todo tipo de livro "inventado" cai no gosto dos autores e acaba virando uma "modinha". Visto que depois de Harry Potter apareceram milhares de bruxinhos e bruxinhas...
O mesmo com Dan Brown, depois de escrever na Monalisa, o pessoal já escreveu no Louvre inteiro... Hahahaha!
Boa dica, vou ver hehehe!
Beijocas
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